De um filme ruim ao status de cult, James Franco transforma o desastre em arte.
Caro companheiro, antes de falar sobre o filme, deixa eu te situar sobre o personagem principal.
Tommy Wiseau é uma figura excêntrica. Ninguém sabe de onde ele veio. Sua história muda a cada vez que é contada por ele. Ninguém sabe também de onde ele arrumou tanto dinheiro para pagar a produção de um longa que, ninguém sabe ao certo, custou por volta de 6 milhões de dólares e é considerado um dos piores filmes já feitos. Com seu jeito de ser, um tanto esquisito aos nossos olhos, essa pessoa marcante foi atrás de seu sonho: ser um astro de Hollywood. Mas querer não é poder. Seu jeito de atuar e falar não é bem o que os grandes estúdios querem para suas produções. Com isso ele decide que vai escrever o roteiro para um filme em que ele vai atuar. Só que o resultado não é o esperado.
O Artista do Desastre vem para mostrar aquilo que eu sempre falo: crítica vai da experiência e preferência de cada um. Algo que é bom para mim, pode não ser bom para você, pois depende do que fomos nos habituando a gostar durante nosso desenvolvimento. E a obra original, na qual foi inspirada “O Artista…” é isso, ou você odeia ou você ri. The Room, a base do longa, é um filme mal feito, mal interpretado, mal em tudo. Isso não quer dizer que não dê para se divertir com algumas partes.
E foi isso que James Franco pensou após ler o livro de Greg Sestero, amigo de Tommy Wiseau: Vou fazer algo divertido com isso.
O filme mostra como Greg e Tommy se conheceram e o caminho dos dois ao “estrelato”. O destaque fica por conta da produção do clássico cult The Room, que Wiseau escreveu, dirigiu e atuou. As cenas em destaque são as que rodam no Youtube, que alguém separou as “melhores partes” e as divulgou na plataforma.
Como a internet não vive sem uma tosqueira para adorar, a obra de Tommy caiu nas graças dos usuários, que vivem a fazer memes com sua “atuação”.
James Franco encarna o personagem principal com uma maestria que parece que o próprio Wiseau está ali atuando. Ao final do filme há uma comparação das cenas do original com a reprodução de Franco em que podemos atestar isso.
Outro ponto interessante é que James colocou o papel de Sestero nas mãos de seu irmão, Dave Franco, garantindo assim que a sinergia trocada entre os atores fosse perfeita para mostrar a sensação de carinho e amizade que surge entre os dois ao longo da obra.
Outros nomes bem conhecidos do público estão lá para dar um brilho a mais e tornar esse filme mais divertido. Não vou citá-los para não estragar as surpresas.
Mas não se engane, esse não é só um longa de comédia. Alguns pontos são engraçados para que não ficasse tão chato. É um drama sobre uma pessoa que tem seus sonhos destruídos e se reinventa para não se deixar abater pelo destino.
Vale a pena conferir o motivo do ator James Franco ter ganhado o prêmio de melhor ator em comédia ou musical no Globo de Ouro 2018.
Uma curiosidade: Depois da exibição de gala, onde o 99,9% do público aplaudiu, Franco perguntou à Wiseau o que ele havia achado do filme. Tommy respondeu que a iluminação da primeira parte do filme estava muito pobre. Só que o mesmo estava assistindo ao filme com seus clássicos óculos escuros. Esse cara merecia um filme mesmo.
O Artista do Desastre (The Disaster Artist, 2017) tem direção de James Franco e atuação de James Franco, Dave Franco, Josh Hutcherson, Alison Brie, Kate Upton, Jacki Weaver, Ari Graynor, Seth Rogen e estreia dia 25 de janeiro de 2018 no Brasil.
Confira o Trailer: