Confesso que antes de ver Capitão América: Guerra Civil nos cinemas, eu ficava pensando como a Marvel conseguiria recriar uma de suas principais sagas das HQs sem utilizar todos os personagens que se envolvem na trama das páginas dos quadrinhos por estarem ligados a outras empresas. Mas, como sempre, a Marvel nos surpreende e mostra o porque tem o apelido de “Casa das Ideias“. Eles substituíram personagens-chave, trouxeram outros pontos de vistas à trama e souberam equilibrar tudo com completa harmonia e timing para cada personagem em cena. E ficou muito parecido com a história original do gibi.

A trama central de Guerra Civil no cinema segue o mesmo ponto chave que é apresentado nas HQs, o qual os superpoderosos podem agir e com suas ações gerarem consequências e como lidar e com elas. O ponto chave do filme, assim como nas páginas dos quadrinhos, trata de RESPONSABILIDADES, e isso é muito bem colocado em suas visões, encabeçados por Steve Rogers e Tony Stark, e porque não também muito bem representada pelo Secretário de Estado e Defesa Ross (Antes General Ross).

E para quem estava falando que Capitão América: Guerra Civil seria uma espécie de Vingadores 2.1, esqueçam isso! Guerra Civil é um filme do Capitão América, então lógico, Steve é o personagem principal e o ponto focal do longa, e isso funciona perfeitamente até pelo foco com o teor político discutido da trama. Como vimos, os irmãos Anthony e Joe Russo sabem fazer isso muito bem e continuam a reger magistralmente como fizeram em Capitão América: O Soldado Invernal.

A aparição dos demais personagem não é gratuita, elas seguem e tem seus tempos em cena assim como suas relevâncias em um timing perfeito, e isso, mais uma vez, ponto  para os diretores, que mostram saber coordenar a ação entre inúmeros personagens em cena dando completa e total importância e relevância de cada um à história.

O confronto principal do filme, apesar de ter um vilão que é responsável por mover a trama, realmente fica por conta da crescente instabilidade entre Steve Rogers e Tony Stark, que já vem desde o primeiro Vingadores, e que culmina neste filme, devido ao ocorrido e posições divergentes entre os protagonistas, em um embate inevitável, mas que, muito bem conduzido e excelentemente coreografado na cena de ação e luta entre os dois.

Stevie Rogers (Chris Evans) é o Capitão América. Ele segue exatamente o cara idealista e honrado como o personagem tem sua postura nas HQs, e que segue suas intuições e convicções diante do dilema do registro de heróis imposto pelo governo mundial para assegurar o controle das ações de indivíduos superpoderosos. E ele funciona perfeitamente bem, aliás, a Marvel fez com que muitas pessoas passassem a curtir e a gostar muito mais dos filmes do Capitão América, algo que nas HQs ainda era difícil, e isso ajuda a assistirmos ao longa e entender o caminho seguido pelo Capitão e suas motivações.

Robert Downey, Jr. não se tem nem o que dizer. Irretocável mais uma vez, porém, desta vez, o ator mostra um Tony Stark bem mais centrado e não tão piadista e brincalhão, sabendo dosar bem entre o drama do personagem e seus momentos “Tony Stark” de sempre. Afinal, Guerra Civil é um filme bem mais sério da Marvel, e, quando isso é exigido dos atores em cena, Robert, como excelente ator que é, se entrega magistralmente, expondo todas as emoções, conflitos , duvidas e tudo mais que o personagem pede.

Já que citei que o filme tem um vilão, e que durante todo o filme é ele quem faz a trama seguir, mas por vezes, parece que nem esta lá, ou que, ele seria desnecessário ao filme, ele existe: é o Barão Zemo. Bom, chamar o personagem de Barão Zemo é um pouco complicado, pois ele não faz NENHUMA alusão ao lendário e icônico personagem inimigo declarado do Capitão América das HQs. O Zemo do filme não tem a  mesma origem, não tem a mesma importância e nem sequer as características do personagem dos quadrinhos, apesar do nome usado. Mas ele está no filme e é o responsável por fazer a trama seguir. Vale a missão pelo menos.

Agora, precisamos falar dos destaques do filme. E um deles é o tão esperado Homem-Aranha que, enfim, a Marvel pôde levar aos cinemas, e ele não decepciona. É a melhor interpretação e caracterização do personagem em TUDO que já se viu nos cinemas. O Cabeça de Teia, vivido por Tom Holland, é tudo o que esperamos tanto tempo pra ver. O personagem tem sua apresentação resolvida em uma cena de uns 8 minutos, e que resume tudo muito bem e funciona que é uma perfeição. Afinal, todos estamos cansados e com “teias de aranha” (inevitável o trocadilho) de saber como tudo aconteceu. E, por favor, chega de matarem o Tio Ben, deixa ele quieto pelo amor de Deus!

O uniforme do personagem é um dos mais legais que já foi mostrado nas telonas, pois, ele faz missão direta ao uniforme clássico, desde as cores bem mais claras até os símbolos da aranha no peito, pequena e a das costas grande e em vermelho. Mas tudo isso com um toque de atualização, e fica muito bem, deixando todo mundo ainda mais ansioso para ver este Homem-Aranha em seu filme solo, assim como ver novamente ele junto com todos os outros heróis novamente em Vingadores: Guerras Infinitas.

Outro destaque do filme é, sem duvidas, o Homem-Formiga, que rouba a cena em vários momentos e traz um alívio cômico bem colocado e sempre muito bem pontuado sem ser exagerado e mostra novamente a acertadíssima escolha de Paul Rudd que a Marvel fez para dar vida ao personagem. O herói funciona e mostra um completo entrosamento com os demais.


Agora, para mim, o principal destaque do filme foi o Pantera Negra, que a Marvel e os irmãos Russo souberam resolver todo personagem de maneira tão bem feita e de forma tão bem estruturada, que a Marvel já pode estrear seu filme solo sem precisar sequer de uma história de origem.

Desde suas motivações para entrar no combate e seu envolvimento na história, até seu uniforme e estilo de luta, o personagem foi excelentemente estruturado, e muito bem interpretado pelo ator Chadwick Boseman, que consegue dar toda pompa e imponência de realeza que o personagem pede, assim como coloca seu carisma até mesmo no sotaque criado para o regente de Wakanda. Sem dúvida o Pantera Negra carimbou seu passaporte e gerou muitas expectativa para seu filme solo prometido pela Marvel.

Capitão América: Guerra Civil é facilmente um dos melhores filmes da Marvel e tem tudo o que você espera ao ir no cinema ver um longa do Universo Cinematográfico Marvel. Apesar de ser um filme com um tom mais sério assim como o Capitão América: O Soldado Invernal, ele é bem divertido, sabendo usar bem e fluir entre pontos de drama, tensão, aventura e humor, com o selo Marvel de qualidade.

A Marvel, mais uma vez, mostra com êxito o modelo que Hollywood está tentando seguir, de forma de criar um universo cinematográfico coeso e que leva e arrebata a cada dia, mais e mais fãs aos cinemas, e que cria muita expectativa para cada nova produção a ser lançada.

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