Ao Cair da Noite é um daqueles filmes pensados para deixar o grande público com raiva do final do filme.

Acredito que as histórias para crianças e Hollywood criaram um padrão na cabeça dos espectadores por esperar que uma história, obrigatoriamente, tenha um final feliz.

Lembro de alguns anos assistir o filme A Bruxa de Blair e só eu no cinema ter gostado. O longa foi vendido como uma história verídica de algumas pessoas que se perderam em uma floresta e foram perseguidos por uma entidade e as filmagens do que aconteceu com eles foram encontradas e exibidas para mostrar seu destino.

Na época, como o acesso à internet não era tão fácil como é hoje, era complicado achar reviews sobre o filme e saber se aquilo era verdade ou não e se o longa era bom ou não também.

Digo isso porque é de conhecimento da grande maioria que o final do filme não agradou o grande público, óbvio. Foi um filme que saiu daquele padrão de entregar história bonita com mocinha sendo resgatada no final e todos felizes para sempre.

E o Ao Cair da Noite é isso: um filme que vai te deixar tenso, roendo as unhas e não vai te entregar final feliz e muito menos explicações. Mas calma, isso não quer dizer que o filme seja ruim, pelo contrário, é um filme muito bacana de suspense e tensão. Terror? Acho que não, já  que não se percebe nenhum monstro nem risco de morte por desmembramento.

O que acontece aqui é logo na cena inicial mostra uma pessoa que foi infectada por algum tipo de vírus e está com o corpo cheio de lesões parecidas com fungo e um estado de decomposição (aonde já visto, hein, The Last of Us?). Não fica claro se a pessoa viria a se tornar um zumbi (os queridinhos do momento) ou não. Contudo, uma decisão tem que ser tomada pelos protagonistas do filme e nesse e em um outro único momento essa figura aparece.

O que se passa depois é os conflitos desses personagens com essa perda e a decisão de integrarem outras pessoas ao seu convívio, sabendo que eles se isolaram em uma cabana para tentar fugir dessa misteriosa contaminação.

O filme deixa muito mais perguntas do que respostas. O que faz esse vírus? O que aconteceu com o mundo? Será que o Deadpool deixou mesmo o forno ligado?

Por causa disso é que esse tipo de filme não costuma ser popular, por não entregar ao espectadores aquilo que eles tanto esperam: respostas mastigadas para não precisar sair do cinema com aquela sensação de “iriam me levar ao parque e me levaram para tomar injeção”.

Como havia mencionado, o filme lembra um pouco (bem pouco) o jogo The Last of Us. Dá para sentir um pouco daquela atmosfera e um dos protagonistas (Joel Edgerton, coincidência?) lembra bastante o Joel, protagonista do game.

Eu, particularmente, achei um filme bem interessante. Sem aquela câmera desesperada e tremida atrás dos personagens. Um bom ritmo para mostrar a tensão pela qual aquelas estão passando e uma forte analogia sobre o desenvolvimento de um dos personagens. Tente imaginar a história não como um filme sobre contaminação por vírus, mas sobre a passagem para a vida adulta, especialmente na hora de atravessar uma porta vermelha (bem simbólica e de grande destaque) pela qual não se deveria ter passado.

Ao Cair da Noite já está nos cinemas.

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