Por: Viviane Rodrigues

Imagine os Estados Unidos distópico, com uma divisão entre a mídia e os grupos rebeldes. As cidades são tomadas e dominadas por gangues que querem o domínio de todo o país. Isso se, em algum dia, os Estados Unidos voltarem a ser um país novamente.

A graphic novel ZDM, Corações e Mentes, apresenta três histórias amarradas expandindo a ideia dos Estados Unidos completamente distorcido. O pensamento dos rebeldes acerca das inseguranças e da política completamente corrupta não é muito diferente do pensamento contemporâneo. As gangues produzem um maior efeito agindo como seitas e a história adentra em um dos membros para mostrar como a vingança não traz o passado de volta – explorada de forma bastante intensa e sangrenta em suas confissões e em seus atos. E como se não fosse suficiente todos esses aspectos, há também a ideia da soberania dos EUA através das forças militares e como a mídia contém as informações, repassando apenas o que é do interesse superior. Mais teoria da conspiração Yankee seria impossível. Todo esse plote de um thriller psicopolítico veio da mente do criador de “O Turista”, Brian Wood. Aliás, sua primeira expressiva GN, publicada pela Image Comics, foi adaptada para cinema, gerando o fraco filme homônimo com Angelina Jolie e Johnny Depp, justamente por não explorarem todo o suspense que Wood costuma desenvolver em suas histórias.

O enredo se conecta com a comunicação entre as gangues, a demarcação de território e uma visão mais concreta da resistência. Através de um dos personagens, Matty Roth, acrescenta-se à história a manipulação do rapaz sem que ao menos ele saiba. O estereótipo do rapaz ganancioso que se junta a resistência para fazer a diferença e acaba ganhando terreno e respeito pelos demais militantes é representado do começo ao fim do volume. O auge de sua carreira sobre as asas de um chefe mafioso não é muito popular entre as tramas que geralmente preferem focar na figura líder da máfia em si.

Portanto, é interessante analisar como a figura líder da máfia some e deixa sua mão direita para cuidar de tudo sozinho. O poder sobe a sua cabeça e ele acaba tirando vida de pessoas completamente inocentes, ou melhor, faz com que parceiros de trabalho inocentes tirem a vida dessas pessoas. Após gerar toda a confusão, o peso que cai sobre seus ombros é imenso, mostrando para os leitores seu ponto de insegurança. Na realidade, existe muitos pontos de tensão na história e o calcanhar de Aquiles de muitos outros é revelado. Mesmo tendo foco em várias personagens e algumas subtramas aparentemente alheias ao enredo principal, toda a história é bastante conectada, fazendo com que a ZDM seja melhor compreendida como uma divisão conflituosa e miserável.

Além disso, o trabalho de Jeremy Cox, com o abuso das cores frias, assim como os traços mais fortes e duros de Ryan Kelly (Star Wars, Dark Horse e Northlanders) e Riccardo Burchielli (artista italiano em seu primeiro trabalho em quadrinhos americanos), exploram bastante esse clima de destruição e terror. É nítido isso ao perceber que boa parte da trama se passa em cenários bem fechados ou em clima nublado, além das expressões embrutecidas dos personagens diante de todo o contexto,reforçando mais ainda a densidade da história. É praticamente um retrato da atualidade só que ampliado para o nível distópico.

Em suma, a história prende o leitor do começo ao fim para entender onde o raciocínio dos personagens vai levá-los. Todos os sentimentos angustiantes e a amargura dos conflitos tornam os personagens complexos e introvertidos de alguma forma, mas em suas narrações, as confissões transbordam. Nesse ponto, o leitor encontra sua ponte entre a história e a vida real, fazendo conexões com o presente e a distopia apresentada. No mais, vale bastante a leitura. Assim como vale muito caçar os outros volumes da série.

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