Tempo, espaço, realidade. São mais do que caminhos lineares, são um prisma de possibilidades sem fim, onde uma única escolha pode se ramificar em realidades infinitas…

É com essa referência direta a “What If?…” que eu começo esta resenha, pois a Marvel, com “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, abre um verdadeiro multiverso de possibilidades para ampliar e enriquecer seu universo cinematográfico.

Em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, acompanhamos Stephen Strange ainda lidando com os acontecimentos de “Vingadores: Ultimato”, e as consequências de seu “Blip”, que deixou um vazio de 5 anos em sua vida, mas não parou o mundo para os que ficaram no planeta. Além de lidar com distúrbios criados pelas várias vezes que se mexeu no tecido da realidade e nas passagens para outros universos!

Antes de tudo, sabendo que sim, este é um filme do Doutor Estranho, e, co-protagonizado pela Feiticeira Escarlate, devemos pontuar e deixar bem claro que acima disso é um filme com a assinatura do excelente mestre diretor e cineasta Sam Raimi, que aqui retorna ao gênero de super-heróis em grande estilo.

Sam Raimi foi o responsável por nos presentear lá em 2002 com o filme que até hoje para muitos é a referência de Homem- Aranha, com Tobey Maguire dando vida ao amigão da vizinhança. Porém, Sam Raimi também tem outra grande importância em outro gênero do cinema, o terror, responsável por outra franquia cult amada por gerações, iniciada por “Evil Dead” (Uma Noite Alucinante) de 1981.

Sam Raimi se prova como a escolha certa para interpretar e adaptar de forma magistral o universo das páginas de quadrinhos do Doutor Estranho para as telas do cinema. Foi a aposta certeira de Kevin Feige, que ao escolher o diretor, apresenta um filme com a cara e a assinatura do mestre, onde a aventura e o visual dos super-heróis está misturada a momentos de horror como só o próprio cineasta sabe fazer. Isso é visto desde movimentos de câmera, zooms até o rosto dos personagens e tudo o que já conhecemos de projetos anteriores.

Agregue a isso uma trilha sonora excelente para jogar o espectador em cada cena, fruto do trabalho de outro mestre Danny Elfman, responsável por tantas outras trilhas icônicas do cinema. Em Multiverso da Loucura, ele empresta um pouco desta “magia” para abrilhantar a obra.

Completando a parte técnica, temos ainda um espaço especial para a igualmente marcante sonorização dos efeitos sonoros e os efeitos visuais, que conseguiu definir características específicas aos personagens e momentos ímpares deste filme.

No entanto, um projeto desse tamanho de nada adiantaria sem um elenco à altura. O protagonista trazido neste longa por Benedict Cumberbatch, mesmo após ter enfrentado alienígenas poderosos, ainda está em uma jornada de crescimento. Ele se encontra em processo interno onde precisa evoluir como mago e entender suas responsabilidades com o mundo em que vive, assim como com um multiverso que pode ser afetado por suas ações. Ao longo do filme o mago você consegue acompanhar cada passo em direção a este crescimento. Sem surpresas, Benedict brilha nas nuanças desta jornada durante as 2 horas de aventura.

Junto a ele, temos Wanda Maximoff, que através de sua intérprete de Elizabeth Olsen, se transformou em uma das personagens mais queridas do Universo Cinematográfico da Marvel. Sua interpretação além de cativar gera empatia por suas causas e motivações. Ao mesmo tempo que exibe outras facetas da agora Feiticeira Escarlate, muito mais poderosa que aquela que vimos na série ‘WandaVision’. Quem é fã das HQs sabe o quanto a personagem é extremamente poderosa e até o momento, esse poder não havia sido explorado como deveria dentro do UCM. Pelo menos até então. A nova fase da personagem abre margem para que Elizabeth Olsen consiga esbanjar talento, brilhar no papel e presentear os fãs.

Além deste núcleo principal temos ainda a aparição de uma nova personagem, que chega causando um grande “sacode” nas estruturas, literalmente, do universo da Marvel. América Chavez, que possui o poder capaz de abrir portais entre dimensões e saltar entre os universos, apresentou uma boa atuação da novata Xochitl Gomez. Porém, dividido espaço com dois gigantes, a personagem se torna um ponto mais simplório deste filme, mesmo ela tendo relevância para a trama principal. No fim das contas, ela acaba perdendo espaço e seu desenvolvimento foi pequeno para quem tem um poder e um papel tão importante na trama.

Muito se especulou durante toda a produção, envolto por milhares de rumores e devaneios de fãs embalados pelo título do longa (Multiverso da Loucura), que participações especiais iriam pipocar pelo filme e algumas foram, a meu ver, precipitadamente reveladas pelos trailers, como por exemplo do grupo dos Illuminati.

Nas HQs, o grupo formado por Charles Xavier, Doutor Estranho, Reed Richards (Senhor Fantástico), Namor, Homem de Ferro e Raio Negro (rei dos Inumanos), que se reuniam para poderem tomar supostamente as melhores decisões em prol das raças nascidas na Terra. O seleto grupo uniu forças e secretamente trabalhou por trás das cortinas de quase todos os grandes eventos do Universo Marvel

Vale ressaltar que eles foram responsáveis por decidir o futuro de Wanda Maximoff, quando a personagem causou diversos distúrbios na Terra durante os eventos de Vingadores: A Queda, Dinastia M e Dizimação. Só deixei no ar esta informação (hahahahahaha…)

A formação do grupo nos cinemas está diferente, muito por conta dos direitos de personagens e devido a alguns não terem ainda sido apresentados dentro do UCM, mas sua função continua seguindo a mesma proposta das HQs.

O filme tem um roteiro simplista e por muitas vezes se apoia em resoluções cômodas e convenientes para a trama se desenvolver. No entanto, com uma direção experiente que além de conduzir ainda consegue extrair momentos marcantes, se torna um longa excelente, divertido e, curiosamente, assustador. Com uma década de produções no cinema, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” se torna um dos melhores filmes da Marvel, sem a necessidade de se apoiar em grandes acontecimentos, como ocorreu em “Guerra Infinita” ou “Ultimato”.

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