Divulgação: Marvel Studios

Após cinco anos de reclusão em Nova Asgard, Thor juntou forças com seus antigos colegas de trabalho afim de reverter o plano megalomaníaco do titã Thanos. Com a derrota do vilão, o deus do trovão resolve então deixar o planeta ao lado dos Guardiões da Galáxia em busca de autoconhecimento e paz interior. No entanto, o tempo fora da Terra é interrompido quando um assassino galáctico inicia um plano de extinção dos deuses. Para auxiliá-lo na batalha, Thor corre atrás da ajuda do Rei Valkiria (Tessa Thompsom), de seu parceiro Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster, que agora carrega inexplicavelmente o lendário martelo Mjölnir.

Em um ano marcado por sequências, a Marvel traz para os cinemas o quarto filme do herói de Asgard, mais uma vez pelos olhos de Taika Waititi, responsável pelo longa “Thor: Ragnarok”. A visão do diretor segue marcante nessa nova aventura, que mescla a jornada do personagem-título para combater uma nova ameaça com múltiplas pinceladas de humor que utiliza o besteirol como muleta em um roteiro corrido e nada inovador. A falta de dosagem no uso do humor deve se tornar um divisor de opiniões do público e crítica nos próximos dias.

Mantendo a visão que a direção de Waititi trouxe em Ragnarok, Amor e Trovão traz uma fotografia vibrante e colorida, quase chegando ao cafona. No entanto, as sequências de luta vão para um caminho oposto, com planos escuros, sombrios e, em determinado momento, propositalmente sem saturação. Ainda que diversas críticas possam ser feitas às escolhas do diretor, é visível o carinho que o neozelandês tem pelo projeto. Está presente quando ele incorpora o personagem Korg e interage diretamente com os demais personagens do longa ou na minuciosa escolha dos trajes do casal protagonista, diretamente ligados às HQs.

A carga emocional do longa se resume ao retorno de Natalie Portman e sua Poderosa Thor, cujo história se assemelha ao arco apresentado anteriormente nas páginas dos quadrinhos. Ao mesmo tempo que a personagem se encontra fragilizada com uma enfermidade, demonstra confiança, força e habilidades em batalha de tirar o fôlego enquanto empunha o Mjölnir, que aqui é utilizado como forma de fugir – ainda que temporariamente – de seus problemas. No entanto, ainda que a premissa da personagem seja interessante e que a atriz tenha tido uma performance digna de heroína, ela se perde com uma ordem de acontecimentos acelerada e o uso exacerbado do humor pastelão.   

O protagonista mais uma vez se apresenta confortável com seu papel, mas também é afetado pelas escolhas do roteiro e falta de força emocional nos arcos apresentados. É como se a direção apostasse todas as suas fichas no excelente timing cômico do intérprete sem dar a ele a chance de se conectar com o público através de sua vulnerabilidade. Mesmo as situações que possuem uma carga dramática parecem não gerar consequências em sua vida, o que acaba sendo um contraponto com o que é proposto em um dos momentos narrados por Korg.

No lado oposto dos heróis, o Carniceiro de Deuses interpretado por Christian Bale expõe uma ameaça real e minimamente assustadora ao mesmo tempo que a periculosidade do vilão parece ter sido prejudicada pelo corte final do longa, já que detalhes mais expositivos de sua missão foram deixados de lado e reduzidos a cenas corridas.

 O tempo que passou ao lado de Peter Quill – que aqui não se parece nada com o carismático Senhor das Estrelas dos demais filmes – não garantiu ao deus nórdico uma trilha sonora de impacto própria como aconteceu nos dois filmes de “Guardiões da Galáxia”. Músicas de sucesso de Guns N’ Roses, Abba e até Mary J. Blige embalam os planos-sequência e ameaçam empolgar o público, mas são desperdiçadas com pouco ou nenhum propósito no decorrer das cenas.

Desde o início da fase 4 com Viúva Negra e as séries do Disney+, é possível perceber que a Marvel vem buscando trazer maneiras diferentes de contar uma história de herói e aqui não é diferente. “Amor e Trovão” não tem pretensão nenhuma de revolucionar o UCM e tampouco se caracteriza por um encerramento épico de jornada de um vingador. O retorno de Foster transforma o quarto filme em uma comédia romântica e desperdiça um enorme potencial proposto em sua sinopse, o que pode causar um gosto agridoce em algumas pessoas. Com os filmes que virão em sequência como “Pantera Negra: Wakanda Forever” e “Quantunmania’, é possível que a nova aventura de Thor se torne a mais passível de esquecimento com o passar dos anos.

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